
Publicado em:
15/2/2020
A era do vídeo pode (e deve) transformar a comunicação nas empresas

João Pedro Paes Leme
A maior revolução da comunicação contemporânea está apoiada em dois pilares: a produção de vídeos e a força dos influenciadores. Muitas empresas e anunciantes já entenderam isso e têm apoiado suas campanhas na combinação desses dois fatores. Mas há um aspecto interessante que pouco se percebe: a comunicação em vídeo também é uma poderosa ferramenta para as empresas falarem com seu público interno ou mesmo fazerem comunicação institucional de maneira mais engajada e relevante para o público externo.
Nas principais métricas de engajamento atuais, três componentes são considerados os mais valiosos: taxa de retenção, número de curtidas e quantidade de comentários. Quando você está no YouTube ou no Instagram, por exemplo, é simples perceber o sucesso de um vídeo. A retenção mostra quanto tempo o usuário assistiu, as curtidas dão uma noção do quanto aquele vídeo agradou e os comentários revelam que o conteúdo foi tão poderoso a ponto de tirar o espectador do seu papel passivo e levá-lo a escrever uma mensagem sobre o tema.
Mas e quando sua comunicação é institucional? E quando a empresa precisa falar com seus próprios colaboradores ou com o público externo para divulgar conteúdos, digamos, mais caretas? Nem sempre o assunto vai render comentários como um vídeo curto do Neymar no Instagram ou um tutorial de maquiagem de 10 minutos no YouTube. Há um meio termo, porém, capaz de deixar a comunicação institucional mais próxima daquilo que apaixone o público interno ou externo. E isso tem a ver com a linguagem audiovisual do século 21.
Estamos na era em que todo mundo virou mídia. Cada um, como potencial produtor de conteúdo, tem seu celular e se comunica diariamente com outros - em redes maiores de amigos, como no Facebook, ou grupos menores como no WhatsApp. A pessoa que está ao seu lado, agora, ou em algum lugar do seu escritório, ou mesmo no trabalho de campo da sua empresa, já fez ao menos um story no Instagram ou um vídeo para mandar no grupo de WhatsApp da família. Ninguém mais é observador passivo da comunicação em vídeo. Foi-se o tempo em que sua marca só aparecia no comercial de 30 segundos com o galã da novela. Hoje, o colaborador da empresa pode ser um influenciador com mais credibilidade e engajamento para o público interno do que alguém famoso que não tenha conhecimento de causa. A linguagem do século 21, da era dos celulares em cada bolso, permitiu isso. Portanto, agregar um novo storytelling ao antigo filme institucional pode trazer uma oxigenação transformadora na comunicação das empresas.
Não vamos acreditar, no entanto, que o presidente de uma corporação precise dançar hiphop em um vídeo institucional para parecer cool e descolado durante uma apresentação para a equipe ou para o board. Claro que continuará havendo o filme que precisa de capricho estético, linguagem mais didática e precisão estilística. Mas um formato não elimina o outro. São narrativas complementares, cada uma para seu público-alvo, cada uma com seu propósito e cada uma com seu influenciador mais relevante.
Este é o momento em que mais consumimos conteúdo audiovisual, desde que os irmãos Lumière inventaram a imagem em movimento, em 1895. Nesses 125 anos, os seres humanos se aprimoraram, primeiro como espectadores e agora como produtores de conteúdo. Segundo uma pesquisa da Cisco, o vídeo representará, este ano, nada menos do que 82% do tráfego de dados na internet mundial. Além disso, 80% dos usuários declararam que preferem se informar por vídeo a ler um texto online. Ou seja, se sua empresa não se comunica em vídeo, ela está em outro século. E se ela não se comunica muito bem em vídeo, está deixando de usar a ferramenta mais poderosa de persuasão que surgiu desde que passamos a pintar pedras nas cavernas, 15 mil anos atrás.